Cadu Rolim
Stop and Go: Como e quando surgiu essa paixão pela fotografia?
Cadu Rolim: Realmente, a fotografia sempre foi uma paixão e continua sendo. Desde adolescente sempre me interessei por fotografia, pelas as técnicas e o olhar fotográfico. E naquela época essa paixão ainda era feita na película (filme) fotográfico, sem os mega recursos digitais que temos hoje.
SAG: Como surgiu o interesse em fotografar eventos automobilísticos?
CR: Digamos que foi uma juncão de duas paixões: esporte a motor e fotografia. No meu caso, é o segredo para trabalhar no que se gosta e gostar de trabalhar. Pra mim não tem combinação melhor para fotojornalismo.
SAG: Quem foi o maior incentivador em sua carreira?
CR: Essa não é uma carreira fácil, o mercado é restrito, técnico, competitivo e pouco valorizado no Brasil. Tive várias pessoas que me apoiaram desde o início e acreditaram na qualidade do meu trabalho e no meu talento. Uma pessoa que desde o início difícil e até hoje me apoiou, foi meu sócio Felipe Bahia. Juntos idealizamos e criamos o Autoterra em 2006, o que acabou sendo palco da minha carreira de fotografia de esportes. Seria compicado listar todos as pessoas que me incentivaram também, mas todos meus amigos(as) no rally e na fotografia participam e compartilham minhas conquistas.
SAG: Como surgiu a oportunidade de registrar o rali Dakar?
CR: Ir ao Dakar sempre foi um sonho antigo, meu e do Gláucio. Desde 2009 quando o rally veio para a América do Sul, esse sonho começou a se tornar um pouco mais próximo. Mesmo assim somente agora na edição 2011, que decidimos que iríamos de qualquer forma, mesmo sem grana, sem estrutura, sem planejamento, no verdadeiro espírito aventureiro. A partir do momento que compramos nossas passagens para Buenos Aires e conseguimos nos credenciar oficialmente no evento, cerca de uns 15 dias antes da largada, é que essa oportunidade se oficializou. Daí em diante, foi o trabalho de preparação, criar o blog, divulgá-lo, e colocar em prática toda nossa experiência em rallyes
SAG: Você já passou por algum apuro para conseguir uma boa foto? Qual foi?
CR: Todo fotógrafo de esportes radicais um dia já passou algum aperto ou vários. No automobilismo em geral a situação mais perigosa acontece quando o veículo perde o controle em uma curva ou mesmo na reta e vai pra cima do fotógrafo! No rally além disso existem os riscos naturais, como abelhas, formigas, animais pessonhentos, etc. Já tive de desviar de carro fora de controle durante um capotamento, correr de abelhas, formigas, atravessar rios, subir em árvores, fugir de cachorro, escalar torres de alta tensão, pular arame enfarpado, andar por vários e vários quilômetros a pé sem água e sem comida, pegar carona em qualquer meio de transporte, ficar perdido..... ou seja, as situações são as mais diversas possíveis. Nesse Dakar durante a largada promocional eu subi no terraço de um prédio para fazer fotos de um ângulo diferente. Ainda bem que não tenho medo de altura, pois não foi fácil mas o resultado valeu muito a pena. (ver fotos abaixo)
SAG: Quais os maiores obstáculos que você enfrentou até chegar onde você está?
CR: Foram vários. No início o maior obstáculo era simplesmente ir aos rallyes, devido a dificuldade financeira para transporte e hospedagem. Peguei muita carona e ônibus (e ainda pego) para ir aos eventos. Outra grande dificuldade foi divulgar meu trabalho e criar nossa rede de contatos e parcerias com outros profissionais. Nesse ponto o site Autoterra.com.br foi e é crucial até hoje. O segredo é superar todos os obstáculos para chegar ao seu destino e atingir seus objetivos.
SAG: No rali Dakar, qual o local onde você mais sentiu dificuldade de fotografar a etapa?
CR: Foi bem complicado fotografar os caminhões durante o deslocamento até a cidade Tafi del Vale (Argentina), durante uma subida de serra, sem uma reta sequer. Sumibos quase 2 mil metros de altitude, em 80 Km de percurso. Fiz as fotos de dentro de um Troller, esprimido, pela janela, em pleno movimento no meio dos “gigantes”. Ainda bem que meu estômago é forte. Valeu muito a pena, pois as paisagens e a ocasião eram únicas!(ver foto abaixo)
SAG: Qual a imagem ou fato mais marcante que presenciou numa etapa do rali Dakar?
CR: Bem, o fato mais marcante não foi somente em uma etapa, mas a todo momento. A presença e paixão do público argentino pelo rally é uma coisa realmente ímpar. Já haviam me contado, mas mesmo assim fiquei muito impressionado, pois haviam multidões em todos os lugares e horários, famílias (incluindo o cachorro de estimação) que dormiram acampados na estrada apenas para ver os veículos no dia seguinte. Me lembro bem quando passamos pela cidade de Salta (Argentina), em uma avenida principal da cidade. Já era quase 11h da noite e as pessoas lotaram as calçadas apenas para ver a passagem do rally por lá. Já haviamos viajado quase 1200 km nesse dia, há quase 20h na estrada, super cansados, sem dormir, sem comer. Mas quando o sinal de trânsito fechava, as pessoas se aproximavam do carro querendo tirar fotos, pedindo brindes ou apenas querendo saber de onde você era. O sorriso e a felicidade desse povo fazia tudo valer a pena.
SAG: Já aconteceu algum fato inusitado durante uma cobertura fotográfica?
CR: Acredito que estar lá no Dakar, junto com os melhores pilotos e navegadores, com a imprensa do mundo todo já era um fato inusitado para mim e para o Gláucio. Ver de perto as supermáquinas do off-road e toda estrutura que um rally desse porte envolve, talvez tenha sido não um fato, mas uma cobertura inusidata. Mesmo já tendo coberto outras provas grandes como o Rally dos Sertões.
SAG: Como surgiu a idéia da parceria com o Gláucio na criação de um blog sobre rali?
CR: O Gláucio é um grande parceiro de coberturas de rally. Na verdade ele foi quem mais botou lenha nessa idéia de ir para o Dakar. Depois que compramos nossas passagens de última hora, decidimos criar o blog para compartilhar nossa experiência e material jornalistico com vários amigos, parceiros, e público que gosta de rally. O blog nesse projeto do Dakar foi essencial.
SAG: Quais outros eventos automobilísticos você gostaria de realizar uma cobertura fotográfica?
CR: Em primeiro lugar, desde que retornamos da viagem, já estamos trabalhando no projeto para cobrir o Dakar 2012, mas na sua totalidade e com carro próprio. Por outro lado, pessoalmente eu tenho muita vontade de cobrir a F1 e o rally WRC (Campeonato Mundial).
SAG: Como surgiu a idéia do nome Auto Terra para o blog?
CR: A idéia do nome foi criada pelo amigo de trilhas e faculdade, Felipe Bahia, que fundou o Autoterra.com.br junto comigo. A idéia era traduzir no nome a junção de automóveis na terra, o mundo off-road. Acho que funcionou bem.
SAG: Conte-nos uma boa lembrança ou uma boa matéria que aconteceu no rali Dakar presenciada por você?
CR: Como toda cobertura de rally, passamos por vários "perrengues". Creio que o mais marcante foi nosso retorno ao Brasil, depois de ter chegado a uma etapa da entrada do rally no Chile, no norte da Argentina, em San Miguel de Jujuy, há 2 mil km de Buenos Aires. Infelizmente não conseguimos carona para seguir ao Chile e decidimos retornar ao Brasil de alguma forma. Basicamente foram dois dias, andando em vários ônibus urbanos e interurbanos, taxi, carona, avião, dormindo no saguão do aeroporto, sem banho, a base de lanchinho/café e sem dinheiro argentino (pesos). Foi praticamente uma odisséia para chegar em casa. Pretendemos contar essa história em detalhes em nosso blog.
SAG: Qual a etapa do rali Dakar é mais complicada em detalhes de cobrir?
CR: Infelizmente, como não conseguimos cobrir o rally todo e não tivemos a chance de realizar a cobertura da etapa das dunas gigantes (em Iquique). Mesmo assim creio que essas seriam as condições mais complicadas para competidores e também para nós da imprensa. Ano que vem a gente conta como é.
SAG: Qual recado você deixaria para os amantes de automobilismo que acompanham o Blog Stop and Go?
CR: Corra atrás do seus sonhos. No automobilismo, se você quer ser piloto, navegador, mecânico, chefe de equipe, jornalista ou apenas se envolver com o evento, é preciso estar lá e viver tudo de perto. Ainda mais no Brasil onde esse esporte não tem tanto incentivo e divulgação como deveria ter. Deixo também nossos agradecimentos ao Blog Stop and Go pela convite da entrevista, estamos sempre dispostos para unir forças e fortalecer o esporte.
Glaucio Peron
Stop and Go: Como surgiu o interesse em cobrir eventos de rali?
Gláucio Peron: Surgiu como uma opção de estar mais próximo das competições de rali, pois participar delas era difícil devido as dificuldades financeiras.
SAG: Qual o furo de reportagem inesquecível de sua carreira?
GP: Bem, na verdade não foi um furo propriamente dito, mas no Rally do Sertões de 2007 fui cobrir a largada e bastidores em Goiânia e fomos o primeiro site a veicular a noticia dos resultados do super prime, até antes mesmo do site oficial, isto me deixou feliz porque ter uma pessoa para cobrir o evento in loco, não da redação, faz toda a diferença.
SAG: Como era a acomodação para a imprensa durante os especiais do rali Dakar?
GP: Ótimas, a sala de espera do aeroporto de Salta era muito confortável !! Rssss... De uma forma geral toda estrutura do Dakar é muito boa e a imprensa se mistura aos demais envolvidos no rally (organização, competidores, equipes). Apesar de existirem duas salas de imprensa, somente uma delas tinha internet via wi-fi, a sala dos jornalistas pagantes.
SAG: Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas na Argentina? Como as superou?
GP: Na verdade no esquema que nós fomos, estar lá já era um grande feito. Eu e o Cadu tomamos a seguinte premicia, “Carpien diem”, vivemos aquele instante, aproveitamos aquele dia, se não conseguíssemos carona no próximo dia para continuar a seguir o rally, voltaríamos sem nenhuma espécie de frustação.
SAG: Quais os maiores obstáculos que você enfrentou até chegar onde você está?
GP: Obstáculos fazem parte da vida em todos os sentidos, por isso que a perseverança é a qualidade que mais admiro no ser humano. Pensar na vida sem pensar nos obstáculos que ela vai te colocar, é a mesma coisa que pensar em uma prova de rally só feita de uma reta interminável, sem curvas, saltos, atoleiros, dunas, terrenos perigosos, avarias no carro, defeito mecânico, imprevistos e adversidades, ou seja, seria muito sem graça!
SAG: Já teve a oportunidade de estar dentro de um carro de rali? Qual foi a sensação?
GP: Sim, claro. Além de estar dentro de um carro de rally, Cadu e eu já tivemos a oportunidade de estar dentro de uma especial, fazendo a vez do navegador, cantando a navegação para um piloto profissional, que é o gente boníssima Norton Lopes. A Mitsubishi tem uma aparato muito bacana para o pessoal da imprensa que cobre a Mitsubishi Cup, eles tem um carro de competição com um piloto só para levar os jornalistas como navegadores para sentir toda emoção de uma competição de rally. É tão bacana o esquema, que você tem que vestir macacão, sapatilha, bala-clava, capacete , tudo como manda o figurino. E quem é foi responsável por essa oportunidade é a Giorgia Torello, assessora de imprensa da Mitsubishi, que sempre foi um anjo em nossa saga como jornalistas de rally.
SAG: Qual a reportagem mais marcante que realizou numa etapa do rali Dakar?
GP: Stéphane Peterhansel (vencedor veterano do Dakar), e sua simpática esposa Andrea Mayer (piloto de moto, carro e caminhão), mas não em uma etapa do Dakar, e sim quando vieram ao Brasil em 2007.
SAG: Qual situação mais embaraçosa ou divertida que você já passou para cobrir um evento?
GP: Inúmeras, desde ficar sem moeda corrente no interior da Argentina (pesos argentinos), a mais de de 2000 km de um grande centro urbano, mas com o bolso repleto de “reais”, a poder entrar de verdade no Bivouac, que são as grandes tendas do Dakar, um mega restaurante onde (quase) todos se alimentam. Entramos lá mas não tinhamos direito a refeição, infelizmente.
SAG: Em sua opinião, qual é a etapa mais desafiadora da edição 2011 do rali Dakar?
GP: Do Atacama. Uma pena que não conseguimos chegar até lá de carona, mas acompanhamos as notícias através de outros profissionais estrangeiros que seguiram até lá.
SAG: Como concilia a vida de empresário com a de jornalista?
GP: Eu não concilio, eu as vivo. Elas são concumitantes
SAG: Como foi a idéia, o planejamento e a sensação de ir para a Argentina cobrir o rali Dakar?
GP: A idéia, sempre houve desde que o Dakar veio para a America do Sul, mas sinceramente, planejamento houve quase nenhum. Faltando uns 15 dias para o rally, eu liguei p o Cadu e falei, “cara, se a gente não for agora, a gente não vai nunca mais, vai que o Dakar, volta para a África” e ele topou a empreita. Nós só queríamos no evento do esporte que nós amanos de paixão e de repente foi muito mais do que isso!!! Nós cobrimos o Dakar!!!
SAG: Qual recado você deixaria para os amantes de automobilismo que acompanham o Blog Stop and Go?
GP: Nós somos o somatório de nossas experiências vividas, então temos que viver e vivenciar o máximo possível de situações. E no rally é assim também, quanto mais próximo, envolvido estivermos será mais apaixonante. E nos aguarde em 2012, quando iremos cobrir o Dakar com bem mais estrutura do que fomos este ano !!! Abraços a todos!
1 comentários:
Oi
Ficou muito fera a entrevista
Ai deve ser emocionante ta lá e cobrir
Show de bola
Rogerio
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