quinta-feira, 1 de abril de 2010

Entrevista de Blogueiro - Ico

Luis Fernando, conhecido como Ico, é jornalista, cobriu a Fórmula 1 pela Europa, escreve para o Jornal Lance!, para a revista Racing, além de participar dos sites Lancenet, Tazio, em transmissões de corridas e em boletim em rádios do grupo bandeirantes de comunicação, bem como participa do programa Pole Position do jornalista Celso Miranda, e já fez parte de algumas edições do extinto podcast Rádio GP do site Grande Prêmio.

Stop and Go: Como surgiu seu interesse pelo automobilismo?
Ico: Veio da junção de ver as corridas na televisão e das brincadeiras com carrinhos no chão da sala. Tinha uma caixa cheia deles e passava tardes inventando campeonatos junto com meu irmão, desenhando pistas imaginárias no carpete da sala e anotando todos os resultados num caderninho. Era um baita combustível para a imaginação e, acho, ficou para sempre no inconsciente.

SAG: Como você consegue conciliar sua vida com o blog sobre automobilismo?
Ico: Boa pergunta. Eu realmente dedico tempo e energia consideráveis para meu blog. Mas é um trabalho que faço com o maior prazer e me enche de orgulho, então é fácil encontrar tempo para ele. Minha sorte é de ter uma rotina mais ou menos tranqüila e bem estruturada quando estou em casa, então dá para equilibrar tudo numa boa.

SAG: Desde quando você acompanha a Fórmula 1? O que mais chama a sua atenção nessa categoria?
Ico: Me lembro de assistir a algumas corridas da temporada de 1979, quando tinha cinco anos – e mais claramente a partir de 1980, quando o Nelson Piquet disputou o título e isto aumentou o interesse da minha família em ver as transmissões. Depois não parei mais de acompanhar. O que me chama a atenção na F-1 é o desafio tecnológico, além da sua tradição e história. Gostava demais da disputa esportiva também, mas infelizmente temos de nos contentar hoje com títulos bem disputados, o que é ótimo, através de corridas normalmente aborrecidas, o que é uma pena.

SAG: Qual outra categoria você gostaria de cobrir e por quê?
Ico: Sem pestanejar, o Mundial de Rali (WRC). Quem já cobriu fala de como o trabalho é mais aberto e o acesso aos personagens muito mais fácil em relação à F-1. E acho fascinante como os pilotos conseguem andar tão rápido em estradas tão estreitas. É de arrepiar!

SAG: Qual grande prêmio você achou como o mais difícil de realizar uma cobertura, e por quê?
Ico: O mais difícil foi também o mais gratificante: o GP do Brasil de 2008. Por toda a expectativa da decisão do título com um piloto brasileiro, por todos os dramas que cercaram a corrida e por ter sido meu primeiro GP em Interlagos pelo Grupo Bandeirantes de Rádio, que fica no ar quase o dia todo e com o som no autódromo. Foi muito puxado, mas deixar Interlagos no domingo à noite com a certeza de ter feito um trabalho excelente foi uma das maiores satisfações da minha vida.

SAG: Quando e porque surgiu a idéia de fazer o blog sobre automobilismo?
Ico: A idéia surgiu no meio de 2007, quando vi a necessidade de ter um canal mais direto com quem gosta de velocidade. Quase três anos depois, é muito bom ver que a fórmula original – análise, história e música – deu tão certo. Sempre busquei um público que participasse e contribuísse para as discussões num nível alto. E funcionou. That’s a bingo!

SAG: Como foi fazer a Rádio GP, o extinto podcast do site Grande Prêmio?
Ico: Foi muito legal poder contribuir com o programa. E os desafios ao Capelli eram lendários! Tem coisas que eu não acreditava que ele poderia saber, mas o guri prova que não há limites para o que o cérebro humano é capaz de guardar informações.

SAG: Quais suas expectativas para o automobilismo brasileiro nessa temporada 2010?
Ico: Boas. Acho que a F-Future que o Felipe Massa está trazendo para o Brasil vai voltar a puxar a molecada do kart para os monopostos. E isto é fundamental para que o país continue lapidando nomes para correr na Fórmula 1.

SAG: Qual foi sua maior realização no blog?
Ico: Sem dúvida nenhuma, a audiência qualificada que ele tem. Um dia queria sair pelo Brasil conhecendo o povo para tomar uma cerveja e conversar ao vivo, porque a comunicação via blog é muito bacana!

SAG: Em algum momento você sentiu vontade de desistir do blog?
Ico: Não, nunca me decepcionei com ele.

SAG: Quais os maiores obstáculos que você enfrentou até chegar onde você está?
Ico: Acho que o principal foi conseguir mostrar a qualidade do meu trabalho mesmo morando fora do Brasil. Vivendo o dia-a-dia de uma redação no país é muito mais fácil para criar contatos e construir uma carreira que leve eventualmente à cobertura dos grandes eventos. Mas precisei de muita paciência e perseverança para conseguir isso à distância.

SAG: Você já passou por alguma situação inusitada enquanto cobria algum teste ou corrida da Fórmula 1?
Ico: Ah sim, alguns até. Um que foi tenso foi na transmissão do GP da Alemanha de 2008 pela rádio: caiu a energia da bancada que eu estava e eu tinha só uns 15 minutos de bateria no aparelho, depois o contato cessaria. E era uma transmissão que eu estava sendo acionado o tempo todo, até porque o Fabio Seixas estava cobrindo a Olimpíada e não participava. Então fiquei esse tempo todo entrando com informações ao vivo e gritando com os técnicos da sala de imprensa quando não era acionado. Fiquei com medo de me confundir e soltar no ar uns palavrões em alemão.
SAG: Qual momento que mais te marcou no automobilismo?
Ico: Foi a morte do uruguaio Gonzalo Rodriguez na Fórmula Indy, em 1999. Eu tinha estado em duas corridas da F-3000 daquele ano e conheci ele lá, era um cara muito legal, aberto e inteligente, além de bom piloto. Uma pessoa muito positiva. Ele já tinha feito uma ou duas corridas pela Penske na Indy e estava animado demais com os rumos que a carreira dele estava tomando. Doeu ver uma trajetória dessas se interromper tão cedo, ainda mais de um cara que eu tinha conhecido há pouco tempo.

SAG: Se você pudesse fazer uma equipe de Fórmula 1 de todos os tempos, quais pilotos, carros, motor e pneu contrataria?
Ico: Juan Manuel Fangio e Gilles Villeneuve, correndo numa Eagle com motor Ferrari V12 e pneus Goodyear. Que salada!

SAG: Quem são seus ídolos no automobilismo?
Ico: Fangio, Villeneuve (o Gilles) e Chico Landi – a quem eu colocaria chefiando essa minha equipe imaginária. Tenho paixão pelo automobilismo dos anos 50 e acho a história dos dois sul-americanos sensacional. E Gilles era o cara que me fazia vibrar quando via as primeiras corridas de F-1 na tevê.

SAG: Você já teve alguma desilusão com o blog? O que te fez continuar com o trabalho?
Ico: Não, nenhuma.

SAG: Em sua opinião, qual piloto você acha favorito a fazer uma boa temporada esse ano e por quê?
Ico: Já disse isso no “Credencial” de pré-temporada: Sebastian Vettel, por ser um talento enorme e porque eu acredito que a Red Bull vai ter o carro melhor desenvolvido ao longo do ano.

SAG: Qual recado você deixaria para os amantes de automobilismo que acompanham o Blog Stop and Go?
Ico: Continuem acompanhando o Blog Stop and Go. E visitem o meu, claro.

1 comentários:

Paulo Cunha disse...

Pare as prensas! O Capelli é um guri?

Eu, que cheguei a pouco tempo, já adoro o blog do Capelli. Já tentei gugar sobre ele, mas tem um Ivan Capelli atrapalhando!

Pelo nível das respostas que eu vi aleatoriamente no blog, eu jurava que ele era irmão do Jan Balder...